ANTÓNIO VIEIRA LISBOA - Poeta (1908-1968)

Um beijo!

A M. L.


Promessa feita pela Tua boca
-bõca a sorrir de rapariga sã-
mesmo que fôsse uma promessa louca
nunca seria uma promessa vã.

Fiquei, por isso, c’oa cabeça oca
quando-vermelha como uma romã-
fôste dizendo em ar de coisa pouca:
“Sim…dou-te um beijo!...Sim…mas amanhã!”

?Por que motivodesprendeste o encanto
delicioso dessameiga hora
se, se Tu me beijas,amanhã, no entanto?

A felicidade, vai depressa embora…
E já que fazes espera-la tanto
um beijo só não chega p’ra demora.




Versos Estranhos António Vieira Lisboa, p-16






LIBERTAÇÃO



Foi-se o prestígio do Teu corpo môço.
Só me prendia a Ti a carne: observo
Mas dessa posse ainda em mim conservo
Tôdo o vestígio que nas veias ouço.

Nada se acaba, extingue de repente.
…! E foram anos de servil ardor!...
Sofri da Tua Carne o Seu explendôr
sem sentir peso… doentiamente.

Anos inteiros, confundiu-me a posse
…Ah muita vez eu tenho o que suponho!...
Ia buscar a ilusão ao sonho…
!? Mas quem o amargo sinta e não adoce?!

É meu olhar mais puro, claro e aberto…
Nenhuma algema agora me acorrenta.
E tudo vive em mim e experimenta
essa alegria e alívio dum liberto.





António Vieira Lisboa
Poema do livro “ MULHERES” 1942, Bertrand- 1942

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